terça-feira, 18 de junho de 2013

Toast - A História do Menino com Fome





O Filme é baseado na biografia do Chef Nigel Slater, que também é escritor e assinou a coluna de Gastronomia da Revista Marie Claire por cinco anos.

A trama gira em torno da obsessão de Nigel por comida e sua frustração com a aversão da mãe à cozinha, ela prepara apenas alimentos enlatados, que quase sempre são um desastre e então recorre às torradas para salvar as refeições.

Experimentando um universo de incômodos, o menino que está sempre com fome, se vê obrigado a conviver apenas com o pai, após o falecimento da mãe, que sofria de asma e é a partir daí, que inicia sua aventura gastronômica.

Os anos seguem e o menino passa a ter a presença ameaçadora de uma madrasta, que vai ocupando seu lugar na casa, seduzindo o pai com deliciosos pratos. Nigel começa a frequentar as aulas de culinária no colégio e logo descobre seus talentos, investindo na criação de receitas para competir com a nova mulher do pai.

Toast nos provoca com os conflitos internos de seus personagens e nos deixa a pergunta : Você Tem Fome de Quê ?

Ai vai uma das receitas do talentoso Chef Nigel Slater :


PÊRAS, CHICÓRIA E FETA COM MEL E ROSMANIHO


Derreta em uma panela com um ramo de alecrim,  três colheres de sopa de mel e duas colheres de sopa de manteiga. Em seguida deixe em infusão por 20 minutos. Corte fatias finas de pêra, em formato de discos. Quebre 8 folhas de chicória e corte em pedaços pequenos.Coloque a chicoria e as pêras em uma tigela rasa.
espalhe 100g de queijo feta por cima, em seguida cubra com mel e molho de manteiga.
Adicione alguns tufos de sementes germinadas como, feijão verde ou rabanete roxo e moa pimenta do reino.
Está pronto !!


Obs: Rosmaninho é uma planta da família das alfazemas e na receita será usado para decorar.

A combinação das folhas crocantes com sabor amargo, juntas a doçura do mel, mais as frutas maduras e o queijo salgado, dão um gosto especial para um dia de inverno brilhante.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

A Cozinha Medieval

(imagem web)

A história nos leva hoje a uma visita muito especial, caminharemos sem armaduras pelos sabores de um tempo antigo na Europa, onde a culinária teve papel fundamental na construção da sociedade.

Entre os séculos V e XV, a cultura européia viveu a era Medieval, um período reconhecido pela importância de suas batalhas e conflitos, mas não falaremos destes temas, vamos nos armar apenas com muito apetite e conhecer um pouco sobre a Gastronomia da época.

A Alimentação básica na Idade Média vinha dos cereais, que eram usados para a preparação das massas e mingaus, os temperos mais comuns quase sempre vinham das uvas verdes e eram misturados ao mel e açúcar, dando aos pratos um forte sabor agridoce. Os ensopados e molhos também tinham espaço garantido à mesa, mas o grande destaque, ficava mesmo por conta das carnes de frango e porco, que eram muito apreciadas.

Inicialmente a comida era preparada no centro da sala, em lareiras super aquecidas, exalando calor para todos os outros cômodos da casa, ali se assavam porcos inteiros no espeto e usavam ganchos móveis para pendurar os caldeirões com ensopados. Foi na Baixa Idade Média, que a cozinha separada começou a aparecer como tendência entre os nobres, separando os convidados da fumaça dos assados.

Estudiosos medievais viam uma relação entre o processo de cozimento e o sistema digestivo humano,  acreditavam que o alimento no estômago era uma continuação de sua preparação na cozinha, por isso, para que os nutrientes fossem bem absorvidos deviam preencher o estômago de forma apropriada. A refeição ideal começava sempre por frutas, seguidas de vegetais como o alface ou repolho, logo depois frango e ensopado e por fim, carne de porco com castanhas para fechar o estômago e facilitar a digestão.

Na Idade Média o alimento era o principal elemento indicador das classes sociais, existiam normas que relacionavam o trabalho de uma pessoa como o que ela devia comer, era ilegal que trabalhadores de serviços manuais comessem carnes, privilégio concedido apenas aos senhores da nobreza. Só após a Peste Negra as carnes foram liberadas e consideradas comuns aos pobres.

Mas se por um lado, alguns alimentos eram restritos, por outro lado, temos a Cerveja como a bebida das classes populares da época, consumida fresca no início - pois ainda não era produzido o lúpulo - ela tinha uma cor mais turva, menor teor de álcool e já era um sucesso.

Para aqueles que querem viajar pelo mundo da Gastronomia Medieval, existem atualmente algumas coleções de receitas da Idade Média disponíveis em livros ou sites especializados, vale a pena pesquisar !!


Por enquanto, ficamos por aqui com uma sugestão de receita para começar essa viagem :


 Devorem !!


COSTELINHA SUÍNA AO MOLHO DE AGRIÃO

 ½  kg de costelinha suína
1 limão
2 dentes de alho picados
1 pimenta dedo de moça picada
Uma pitada de pimenta do reino
½  xícara de cebolinha picada
Um ramo pequeno de coentro picado (cuidado para não exagerar!)
Sal a gosto
Azeite Extra Virgem a gosto


Tempere a costelinha com o suco do limão, alho, pimenta dedo de moça, pimenta do reino,  cebolinha , coentro, um fio generoso de azeite e sal a gosto.
Deixe descansar por pelo menos 30 minutos na geladeira.
Coloque em uma assadeira e leve ao fogo médio pré-aquecido (210°C) por aproximadamente 40 ou 50 minutos.
Olhe sempre a costelinha, virando-a na metade do tempo até ficar bem dourada.


Molho de Agrião

5 punhados de folhas de agrião lavadas  e picadas
2 dentes de alho bem picados
Azeite
1 colher de sopa de manteiga
1 colher de sobremesa de amido de milho
Sal a gosto
Pimenta do reino a gosto
Páprica picante a gosto


Em uma panela pequena coloque um fio de azeite. Depois de aquecido coloque o alho para dourar.
Jogue o agrião picado e os temperos (sal, pimenta e páprica a gosto).
Assim que o agrião murchar e soltar um pouco de água, retire-o do fogo e bata tudo no liquidificador (ou utilize um mixer, se desejar).
Observação:  
Se preferir um molho mais homogêneo, bata por mais tempo, mas se gostar com pedaços mais graúdos, dê leves impulsos apenas no liquidificador ou mixer.
Volte a mistura para a panela , ligue o fogo e coloque uma colher de sopa de manteiga. Mexa bem, experimente o sabor dos temperos.
Por fim, coloque uma colher de sobremesa de amido de milho para engrossar o molho.
Dica: 
misture o amido de milho antes em um copo pequeno com dois dedos de água ou com um pouco do próprio molho.

Está pronto! É só servir em cima da costelinha suína e sugerimos também um arroz branco de acompanhamento!

E para ficar ainda mais saboroso esse BANQUETE MEDIEVAL, aprecie esse prato com uma cerveja encorpada, tal como a maravilhosa Bernard Amber Lager – uma cerveja da República Tcheca, com receita do ano de 1597, não pasteurizada, microfiltrada, feita com água mineral das Montanhas Morávias, possui uma bela cor acobreada, levíssimo amargor e agradáveis notas caramelizadas provenientes de seu malte e fina levedura !



BOM APETITE !!!



quarta-feira, 12 de junho de 2013

As Vozes da Cinemateca Brasileira


(imagem Maria Fernanda De Biaggi)


Sempre que ultrapassamos os portões de entrada da Cinemateca, experimentamos uma viagem aos sentidos mais profundos. É o início de uma aventura com descobertas pela história perdida, onde o olhar é conduzido pelo eco dos sons que vem do passado.

Suas paredes estão de pé desde 1887, no Largo Senador Raul Cardoso, na Vila Clementino em São Paulo, nesta época o endereço pertencia ao imponente Matadouro Municipal e ainda não se via nenhum filme por lá. A construção do Matadouro foi uma das mais importantes obras feitas naquele tempo, e foi considerada por arquitetos, como a segunda construção de São Paulo, porque desenvolveu muito a região com linhas de bonde, construídas para facilitar a ligação com a Vila Mariana. O Matadouro abastecia a comilança da cidade inteira e também era um espaço ritualístico, alguns moradores do bairro se reuniam ali muitas vezes, para ver o abate dos animais e bebericar do seu sangue, pois acreditavam trazer boa saúde. Em 1927 o monumental prédio do Matadouro foi fechado e mais tarde, em 1983, tombado como patrimônio histórico.

Mas foi só em 1992, quando a Prefeitura cedeu o edifício histórico do Matadouro Municipal à Cinemateca Brasileira , que as histórias se cruzaram e os galpões que antes abrigavam as boiadas, foram tomados pela arte em película.


(imagem Maria Fernanda De Biaggi)


O projeto de restauração foi comandado pelo arquiteto Nelson Dupré e transformou o Matadouro em Cinemateca, sem descartar suas características originais, provocando um encontro encantador entre os mundos. Isso fica muito claro quando olhamos ao redor.  Num dos salões de eventos, enquanto se visita alguma exposição, existe um piso de vidro e é possível ver abaixo, os trilhos por onde passavam os animais que seriam abatidos. São imagens que vão mixando diversas sensações no visitante.

Para as exibições de filmes, dois galpões foram reestruturados para receber a Sala Cinemateca/Petrobrás e a Sala Cinemateca/BNDES, circularam por lá no ano passado, mais de 60 mil espectadores, que se dividiram entre Mostras e Atividades, explorando esse ambiente antropofágico.

Reconhecida por sua grandiosidade, a Cinemateca Brasileira possui o maior acervo de material audiovisual da América Latina, são 200 mil rolos de filmes, além dos arquivos de documentos como, roteiros originais, livros, revistas, fotografias e cartazes, um verdadeiro santuário da sétima arte.

A trajetória de importantes cineastas brasileiros, também está cravada nesses muros históricos. É o caso de Jairo Ferreira, um devorador de filmes, que foi o criador do Cinema de Invenção. Ele gostava de dizer que sequestrava a Cinemateca com um bando de amigos, para suas inspirações e exibições.

Percorrer esse espaço mágico, inevitavelmente, surpreende. Vida longa à Cinemateca Brasileira!