quarta-feira, 22 de maio de 2013

Receitando Almodóvar !



O libriano Pedro Almodóvar nunca foi um acadêmico. Sem dinheiro para cursar cinema, ele teve muitas outras profissões antes de se tornar cineasta. Trabalhou durante doze anos numa companhia Telefônica, até juntar dinheiro para comprar uma Super 8 e começar a filmar. Foram muitos anos de dificuldades, mas o DNA da arte esteve sempre pulsante !

Ele começou com desenho em quadrinhos, foi ator de teatro, passou pelos palcos também como cantor de uma banda de punk rock (Almodóvar e McNamara), onde se apresentava travestido  e finalmente chegou a grande tela, sendo o primeiro espanhol indicado ao Oscar de melhor realizador de Cinema.



 "O sexo é uma das poucas alegrias que a natureza nos deu, um presente distribuído democraticamente que só depende de nossos corpos, algo que merece ser celebrado, mas que, apesar de sua qualidade humana desde que o mundo é mundo, foi vítima de algo também tão humano, como a hipocrisia."

Reconhecemos o inconfundível cinema de Almodóvar pela estética de sua direção arte, com cores gritantes e também pela temática de seus roteiros, que nos  lançam aos dilemas sexuais mais profundos e arrebatadores. Considerado por ele mesmo como um cineasta auto-biográfico, vemos em suas tramas seus conflitos internos com a religião e a sexualidade, refletidos vira e mexe na figura de mulheres marcantes.

Nosso destaque aqui vai para o filme Todo Sobre Mi Madre, de 1999. A história é sobre uma mãe solteira em Madri, Manuela, vê seu único filho morrer no seu 17° aniversário quando corre para pegar um autógrafo de uma atriz. Ela vai a Barcelona à procura do pai de seu filho, uma travesti chamada Lola, que não sabe que tem um filho. Primeiro ela encontra sua amiga, Agrado, também travesti; através dela ela conhece Rosa, uma jovem freira que está de partida para El Salvador. Quase que por acaso, torna-se assistente de Huma Rojo, a atriz que seu filho admirava. Uma autêntica obra dramática, carregada de subversões.

Todo Sobre Mi Madre rendeu o primeiro Oscar à Pedro Almodóvar.

Aproveitamos o tortuoso conflito de Almodóvar com o universo feminino e nos encorajamos a preparar uma receita de bacalhau passada de uma mãe para sua filha, ao estilo Todo Sobre Mi Madre, o Bacalhau Almodóvar.

Degustem o Filme Receita !!




BACALHAU ALMODÓVAR


1 kg de bacalhau dessalgado
1 kg de batata
1 cebola grande picada
3 dentes de alho picados
Azeite a gosto
Sal e pimenta a gosto
1 xícara de molho de tomate ou tomate pelado
Molho branco (leite, maisena, temperos e noz moscada)
Queijo parmesão ralado


1º passo:
Lave bem as postas de bacalhau já dessalgado
Cozinhe-as em uma panela grande
Quando a água começar a ferver marque 20 minutos
(cuidado com a espuma que se forma, para não vazar da panela)
Escorra toda a água do bacalhau cozido
Deixe esfriar

2º passo:
Descasque as batatas
Corte-as em pequenos cubos
Pré-aqueça uma panela grande para fritar as batatas
Coloque um pouco de sal no fundo da panela
E também óleo de soja
Dica : antes de fritar as batatas, seque-as no papel toalha (e depois também, para retirar o excesso de óleo!!)

3º passo:
Desfie o bacalhau cuidadosamente, para retirar todas as espinhas

4º passo:
Refogue no azeite a cebola e o alho picados
Coloque o bacalhau desfiado
Jogue o molho de tomate ou tomate pelado
Misture bem
Reserve

5º passo:
Comece a fazer o molho branco
Coloque em uma panela aproximadamente 300 ml de leite, 2 colheres de sopa de manteiga e temperos a gosto (sal, pimenta, caldo de legumes)
Mexa bem
Quando começar a ferver junte 50 ml de leite com 1 colher de sopa de maisena
Finalize com uma pitada de noz moscada

6º passo:
Em uma forma grande coloque as batatas fritas, o bacalhau refogado e o molho branco
Misture delicadamente todos os ingredientes
Coloque queijo ralado parmesão
Leve ao forno médio pré-aquecido para gratinar (aproximadamente 25 minutos)!

Está pronto! Bom Apetite!!!


Sugestão de acompanhamento: arroz com açafrão e alcaparras ou arroz branco

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Zé do Caixão, Meio Século de Horror

(imagem núcleo ponto q)


“A quem pertence a Terra? A Deus? Ao Diabo? Ou aos espíritos desencarnados? Não!! A Terra pertence a pureza e a inocência das crianças. Pena que quando crescem tornam-se imbecis. Graças ao Sistema!”

Zé do Caixão com sua fala penetrante é o mais importante personagem multimídia nascido do cinema nacional, criado brilhantemente pelo cineasta José Mojica Marins.

Além das produções cinematográficas, Zé do Caixão também foi protagonista em programas de TV, revistas em quadrinhos, livros, videoclipes e programas de rádio. 


Este ano o personagem Zé do Caixão completa 50 anos de história, vamos contar um pouco dessa trajetória e também destacar sua  turnê épica comemorativa e de despedida, que será marcada por Workshop de Cinema e Interpretação. Estivemos em sua estréia em São Paulo para conferir.

(imagem núcleo ponto q)

Um pesadelo, em 1963, onde era levado por ele mesmo até sua própria cova, foi a principal inspiração de Mojica para criar Josefel Zanatas, o Zé do Caixão.


Em 1964 o filme “À meia-noite levarei sua Alma” trouxe a primeira aparição de Zé do Caixão, um temido coveiro sádico, que tinha a obsessão de trazer ao mundo um filho com a perfeição de perpetuar seu sangue e lhe garantir a eternidade. O filme foi sucesso de bilheteria, era apenas o começo. Em 1967 veio a continuação da saga com o filme “Esta noite encarnarei em teu Cadáver”, onde Zé do Caixão, ainda na busca da imortalidade através do sangue, tortura violentamente muitas vítimas e uma delas jura que encarnará o seu corpo. A trilogia se completou com o filme “A Encarnação do Demônio” que teve seu roteiro escrito por Mojica em 1966 e foi lançado em 2008, com a trama renovada e adaptada para a paisagem urbana da Cidade de São Paulo.


O cinema autoral de Mojica trouxe na figura de Zé do Caixão elementos e temas inovadores para a cena brasileira, seu conteúdo explicitamente violento e perturbador misturado a uma estética de filmagem incrivelmente criativa para a época, gerou uma nova forma de se pensar  e de se fazer cinema no Brasil.


A censura sempre atacou ferozmente os filmes de Mojica, seu longa-metragem “O Despertar da Besta”, que também trazia o personagem Zé do Caixão, foi objurgado por mais de dez anos, só podendo ser exibido em 1983, após ter o título alterado para “O Ritual dos Sádicos”.


O carismático José Mojica nos contou que começou a se interessar por cinema muito cedo, aos quatro anos já via filmes com Boris Karloff e Bela Lugosi, aos oito dirigiu e atuou em seu primeiro filme intitulado “Reino Sangrento”.

O cineasta acredita que o cinema nacional de hoje não explora todos os níveis da criatividade que poderia, lamenta a falta de conteúdos inovadores, mesmo com todos os recursos tecnológicos atuais.
 

(imagem núcleo ponto q)

O gênio total do terror celebrando meio século de seu personagem mais marcante, afirma que não tem um sucessor, lamenta que muitos tentam imitá-lo apenas em seus trajes, mas ainda não reconheceu nada que pudesse chamar a sua atenção.


A jornada de Zé do Caixão com seu tradicional Workshop pretende passar por várias cidades, sendo também uma oportunidade única para fãs, estudantes de cinema, cineastas e admiradores.

O lançamento da turnê aconteceu no Tênis Clube Paulista em São Paulo, no bairro do Paraíso, próximo a Vila Mariana, onde nasceu o mestre do horror. Entre os dias 12 e 14 de abril foi realizado o primeiro workshop da turnê. 


(Mojica assina tatuagem de fã - imagem núcleo ponto q)

Cercado por entusiastas de seu Cinema, Mojica regeu um workshop intimista, onde abusou das técnicas de improviso. Os participantes foram convidados a exercitar a criatividade em cenas improvisadas e com tema livre.

Mesmo sem contar com uma grande produção, o cineasta performático levou sua mensagem aos que marcaram presença neste encontro. Zé do Caixão alerta : " Quem não aparece, desaparece ! "





(imagem núcleo ponto q )