sexta-feira, 5 de julho de 2013

O Estranho Mundo de Jack






Direto do universo fantástico de Tim Burton para as telas, este é um filme que nasceu de um poema escrito pelo próprio cineasta no comecinho da década de 80, mas o filme só estreou em 1993.

Nightmare Before Christmas, o poema de três páginas, foi a inspiração para a criação do personagem Jack Skellington, um esqueleto conhecido como "Rei das Abóboras" da "Cidade do Halloween", que cansado da rotina com monstros, vampiros e bruxas, abre um portal para a "Cidade do Natal", onde fica encantado com o espírito natalino.

A composição da trilha sonora ficou por conta do sempre parceiro de Burton, Danny Elfman e em 2006, quando a Disney relançou o filme em versão 3D, algumas músicas ganharam cara nova com Marilyn Manson, Fall Out Boy, Panic At The Disco, Fiona Apple e She Wants Revenge.

O Filme recebeu o Prêmio Saturno em 1994 (Acadêmia de Filmes de Ficção Científica, Fantasia e Horror dos EUA), nas categorias Melhor Filme de Fantasia e Melhor Música.

Nossa receita de hoje está assustadoramente deliciosa, 
dizem pelos corredores que foi enviada pelo próprio Jack Skellington. 


ABÓBORA CARNÍVORA

1 Abóbora do tipo Moranga  com aproximadamente 2 kg

Recheio:
Azeite a gosto
500 gramas de charque ou carne seca
1 cebola grande picada
3 dentes de alho picados
1 tomate sem sementes picado
1 pimenta dedo de moça picada ou pimenta calabresa desidrata a gosto
Cebolinha a gosto
Salsinha a gosto
Coentro a gosto
Sal (cuidado para não exagerar)

Molho:
300 ml de leite integral
1 colher de sopa de manteiga
1 pitada de sal
1 colher de sobremesa de amido de milho
50 gramas de queijo gorgonzola
2 colheres de requeijão
1 pitada de noz moscada

Para Gratinar:
Queijo parmesão ralado a gosto


1º Passo – Dessalgar o Charque:
Corte o charque em cubos médios e coloque-os em uma panela com água.
Quando a água começar a ferver marcar 8 minutos.
Retire a carne, lave-a.
Coloque novamente na panela com água limpa para ferver.
Repita essa operação duas ou três vezes.
Por fim, cozinhe na panela de pressão durante 30 minutos.
Escorra o charque, deixe esfriar.
Desfie a carne com as mãos, retirando todo o excesso de gordura.
Reserve.

2º Passo – Preparar a Abóbora:
Retirar a tampa da Abóbora.
Retire cuidadosamente todas as sementes e fibras do interior.
Envolva toda a abóbora limpa com plástico filme (PVC).
Coloque durante 20 minutos no forno microondas.
Abra e retire cuidadosamente o plástico filme e o excesso de água do interior da abóbora.
Reserve.

3º Passo – Preparar o Recheio:
Coloque numa frigideira uma boa quantidade de azeite.
Doure o alho e a cebola.
Jogue o charque desfiado.
Por fim jogue o tomate, a pimenta e os temperos verdes.
Prove o sabor e coloque, caso necessário, uma pitada de sal.

4º Passo – Preparar o Molho:
Em uma panela média coloque o leite, manteiga e uma pitada de sal (ou tempero de sua preferência).
Assim que começar a ferver, jogue uma mistura de amido de milho com dois dedos de leite.
Mexer bem.
Coloque o requeijão e o queijo gorgonzola.
Finalize com uma pitada de noz moscada ralada na hora.

5º Passo – Rechear a Abóbora:
Arrume a abóbora em uma assadeira grande.
Coloque dentro da abóbora uma fina camada do molho.
Coloque todo o recheio do charque.
Finalize com mais uma camada do molho e polvilhe queijo parmesão ralado para gratinar.

6º Passo – Levar ao Forno Médio por aproximadamente 30 ou 40 minutos

7º Passo – Devorar a “ABÓBORA CARNÍVORA” com Arroz Branco de acompanhamento

terça-feira, 18 de junho de 2013

Toast - A História do Menino com Fome





O Filme é baseado na biografia do Chef Nigel Slater, que também é escritor e assinou a coluna de Gastronomia da Revista Marie Claire por cinco anos.

A trama gira em torno da obsessão de Nigel por comida e sua frustração com a aversão da mãe à cozinha, ela prepara apenas alimentos enlatados, que quase sempre são um desastre e então recorre às torradas para salvar as refeições.

Experimentando um universo de incômodos, o menino que está sempre com fome, se vê obrigado a conviver apenas com o pai, após o falecimento da mãe, que sofria de asma e é a partir daí, que inicia sua aventura gastronômica.

Os anos seguem e o menino passa a ter a presença ameaçadora de uma madrasta, que vai ocupando seu lugar na casa, seduzindo o pai com deliciosos pratos. Nigel começa a frequentar as aulas de culinária no colégio e logo descobre seus talentos, investindo na criação de receitas para competir com a nova mulher do pai.

Toast nos provoca com os conflitos internos de seus personagens e nos deixa a pergunta : Você Tem Fome de Quê ?

Ai vai uma das receitas do talentoso Chef Nigel Slater :


PÊRAS, CHICÓRIA E FETA COM MEL E ROSMANIHO


Derreta em uma panela com um ramo de alecrim,  três colheres de sopa de mel e duas colheres de sopa de manteiga. Em seguida deixe em infusão por 20 minutos. Corte fatias finas de pêra, em formato de discos. Quebre 8 folhas de chicória e corte em pedaços pequenos.Coloque a chicoria e as pêras em uma tigela rasa.
espalhe 100g de queijo feta por cima, em seguida cubra com mel e molho de manteiga.
Adicione alguns tufos de sementes germinadas como, feijão verde ou rabanete roxo e moa pimenta do reino.
Está pronto !!


Obs: Rosmaninho é uma planta da família das alfazemas e na receita será usado para decorar.

A combinação das folhas crocantes com sabor amargo, juntas a doçura do mel, mais as frutas maduras e o queijo salgado, dão um gosto especial para um dia de inverno brilhante.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

A Cozinha Medieval

(imagem web)

A história nos leva hoje a uma visita muito especial, caminharemos sem armaduras pelos sabores de um tempo antigo na Europa, onde a culinária teve papel fundamental na construção da sociedade.

Entre os séculos V e XV, a cultura européia viveu a era Medieval, um período reconhecido pela importância de suas batalhas e conflitos, mas não falaremos destes temas, vamos nos armar apenas com muito apetite e conhecer um pouco sobre a Gastronomia da época.

A Alimentação básica na Idade Média vinha dos cereais, que eram usados para a preparação das massas e mingaus, os temperos mais comuns quase sempre vinham das uvas verdes e eram misturados ao mel e açúcar, dando aos pratos um forte sabor agridoce. Os ensopados e molhos também tinham espaço garantido à mesa, mas o grande destaque, ficava mesmo por conta das carnes de frango e porco, que eram muito apreciadas.

Inicialmente a comida era preparada no centro da sala, em lareiras super aquecidas, exalando calor para todos os outros cômodos da casa, ali se assavam porcos inteiros no espeto e usavam ganchos móveis para pendurar os caldeirões com ensopados. Foi na Baixa Idade Média, que a cozinha separada começou a aparecer como tendência entre os nobres, separando os convidados da fumaça dos assados.

Estudiosos medievais viam uma relação entre o processo de cozimento e o sistema digestivo humano,  acreditavam que o alimento no estômago era uma continuação de sua preparação na cozinha, por isso, para que os nutrientes fossem bem absorvidos deviam preencher o estômago de forma apropriada. A refeição ideal começava sempre por frutas, seguidas de vegetais como o alface ou repolho, logo depois frango e ensopado e por fim, carne de porco com castanhas para fechar o estômago e facilitar a digestão.

Na Idade Média o alimento era o principal elemento indicador das classes sociais, existiam normas que relacionavam o trabalho de uma pessoa como o que ela devia comer, era ilegal que trabalhadores de serviços manuais comessem carnes, privilégio concedido apenas aos senhores da nobreza. Só após a Peste Negra as carnes foram liberadas e consideradas comuns aos pobres.

Mas se por um lado, alguns alimentos eram restritos, por outro lado, temos a Cerveja como a bebida das classes populares da época, consumida fresca no início - pois ainda não era produzido o lúpulo - ela tinha uma cor mais turva, menor teor de álcool e já era um sucesso.

Para aqueles que querem viajar pelo mundo da Gastronomia Medieval, existem atualmente algumas coleções de receitas da Idade Média disponíveis em livros ou sites especializados, vale a pena pesquisar !!


Por enquanto, ficamos por aqui com uma sugestão de receita para começar essa viagem :


 Devorem !!


COSTELINHA SUÍNA AO MOLHO DE AGRIÃO

 ½  kg de costelinha suína
1 limão
2 dentes de alho picados
1 pimenta dedo de moça picada
Uma pitada de pimenta do reino
½  xícara de cebolinha picada
Um ramo pequeno de coentro picado (cuidado para não exagerar!)
Sal a gosto
Azeite Extra Virgem a gosto


Tempere a costelinha com o suco do limão, alho, pimenta dedo de moça, pimenta do reino,  cebolinha , coentro, um fio generoso de azeite e sal a gosto.
Deixe descansar por pelo menos 30 minutos na geladeira.
Coloque em uma assadeira e leve ao fogo médio pré-aquecido (210°C) por aproximadamente 40 ou 50 minutos.
Olhe sempre a costelinha, virando-a na metade do tempo até ficar bem dourada.


Molho de Agrião

5 punhados de folhas de agrião lavadas  e picadas
2 dentes de alho bem picados
Azeite
1 colher de sopa de manteiga
1 colher de sobremesa de amido de milho
Sal a gosto
Pimenta do reino a gosto
Páprica picante a gosto


Em uma panela pequena coloque um fio de azeite. Depois de aquecido coloque o alho para dourar.
Jogue o agrião picado e os temperos (sal, pimenta e páprica a gosto).
Assim que o agrião murchar e soltar um pouco de água, retire-o do fogo e bata tudo no liquidificador (ou utilize um mixer, se desejar).
Observação:  
Se preferir um molho mais homogêneo, bata por mais tempo, mas se gostar com pedaços mais graúdos, dê leves impulsos apenas no liquidificador ou mixer.
Volte a mistura para a panela , ligue o fogo e coloque uma colher de sopa de manteiga. Mexa bem, experimente o sabor dos temperos.
Por fim, coloque uma colher de sobremesa de amido de milho para engrossar o molho.
Dica: 
misture o amido de milho antes em um copo pequeno com dois dedos de água ou com um pouco do próprio molho.

Está pronto! É só servir em cima da costelinha suína e sugerimos também um arroz branco de acompanhamento!

E para ficar ainda mais saboroso esse BANQUETE MEDIEVAL, aprecie esse prato com uma cerveja encorpada, tal como a maravilhosa Bernard Amber Lager – uma cerveja da República Tcheca, com receita do ano de 1597, não pasteurizada, microfiltrada, feita com água mineral das Montanhas Morávias, possui uma bela cor acobreada, levíssimo amargor e agradáveis notas caramelizadas provenientes de seu malte e fina levedura !



BOM APETITE !!!



quarta-feira, 12 de junho de 2013

As Vozes da Cinemateca Brasileira


(imagem Maria Fernanda De Biaggi)


Sempre que ultrapassamos os portões de entrada da Cinemateca, experimentamos uma viagem aos sentidos mais profundos. É o início de uma aventura com descobertas pela história perdida, onde o olhar é conduzido pelo eco dos sons que vem do passado.

Suas paredes estão de pé desde 1887, no Largo Senador Raul Cardoso, na Vila Clementino em São Paulo, nesta época o endereço pertencia ao imponente Matadouro Municipal e ainda não se via nenhum filme por lá. A construção do Matadouro foi uma das mais importantes obras feitas naquele tempo, e foi considerada por arquitetos, como a segunda construção de São Paulo, porque desenvolveu muito a região com linhas de bonde, construídas para facilitar a ligação com a Vila Mariana. O Matadouro abastecia a comilança da cidade inteira e também era um espaço ritualístico, alguns moradores do bairro se reuniam ali muitas vezes, para ver o abate dos animais e bebericar do seu sangue, pois acreditavam trazer boa saúde. Em 1927 o monumental prédio do Matadouro foi fechado e mais tarde, em 1983, tombado como patrimônio histórico.

Mas foi só em 1992, quando a Prefeitura cedeu o edifício histórico do Matadouro Municipal à Cinemateca Brasileira , que as histórias se cruzaram e os galpões que antes abrigavam as boiadas, foram tomados pela arte em película.


(imagem Maria Fernanda De Biaggi)


O projeto de restauração foi comandado pelo arquiteto Nelson Dupré e transformou o Matadouro em Cinemateca, sem descartar suas características originais, provocando um encontro encantador entre os mundos. Isso fica muito claro quando olhamos ao redor.  Num dos salões de eventos, enquanto se visita alguma exposição, existe um piso de vidro e é possível ver abaixo, os trilhos por onde passavam os animais que seriam abatidos. São imagens que vão mixando diversas sensações no visitante.

Para as exibições de filmes, dois galpões foram reestruturados para receber a Sala Cinemateca/Petrobrás e a Sala Cinemateca/BNDES, circularam por lá no ano passado, mais de 60 mil espectadores, que se dividiram entre Mostras e Atividades, explorando esse ambiente antropofágico.

Reconhecida por sua grandiosidade, a Cinemateca Brasileira possui o maior acervo de material audiovisual da América Latina, são 200 mil rolos de filmes, além dos arquivos de documentos como, roteiros originais, livros, revistas, fotografias e cartazes, um verdadeiro santuário da sétima arte.

A trajetória de importantes cineastas brasileiros, também está cravada nesses muros históricos. É o caso de Jairo Ferreira, um devorador de filmes, que foi o criador do Cinema de Invenção. Ele gostava de dizer que sequestrava a Cinemateca com um bando de amigos, para suas inspirações e exibições.

Percorrer esse espaço mágico, inevitavelmente, surpreende. Vida longa à Cinemateca Brasileira!



quarta-feira, 22 de maio de 2013

Receitando Almodóvar !



O libriano Pedro Almodóvar nunca foi um acadêmico. Sem dinheiro para cursar cinema, ele teve muitas outras profissões antes de se tornar cineasta. Trabalhou durante doze anos numa companhia Telefônica, até juntar dinheiro para comprar uma Super 8 e começar a filmar. Foram muitos anos de dificuldades, mas o DNA da arte esteve sempre pulsante !

Ele começou com desenho em quadrinhos, foi ator de teatro, passou pelos palcos também como cantor de uma banda de punk rock (Almodóvar e McNamara), onde se apresentava travestido  e finalmente chegou a grande tela, sendo o primeiro espanhol indicado ao Oscar de melhor realizador de Cinema.



 "O sexo é uma das poucas alegrias que a natureza nos deu, um presente distribuído democraticamente que só depende de nossos corpos, algo que merece ser celebrado, mas que, apesar de sua qualidade humana desde que o mundo é mundo, foi vítima de algo também tão humano, como a hipocrisia."

Reconhecemos o inconfundível cinema de Almodóvar pela estética de sua direção arte, com cores gritantes e também pela temática de seus roteiros, que nos  lançam aos dilemas sexuais mais profundos e arrebatadores. Considerado por ele mesmo como um cineasta auto-biográfico, vemos em suas tramas seus conflitos internos com a religião e a sexualidade, refletidos vira e mexe na figura de mulheres marcantes.

Nosso destaque aqui vai para o filme Todo Sobre Mi Madre, de 1999. A história é sobre uma mãe solteira em Madri, Manuela, vê seu único filho morrer no seu 17° aniversário quando corre para pegar um autógrafo de uma atriz. Ela vai a Barcelona à procura do pai de seu filho, uma travesti chamada Lola, que não sabe que tem um filho. Primeiro ela encontra sua amiga, Agrado, também travesti; através dela ela conhece Rosa, uma jovem freira que está de partida para El Salvador. Quase que por acaso, torna-se assistente de Huma Rojo, a atriz que seu filho admirava. Uma autêntica obra dramática, carregada de subversões.

Todo Sobre Mi Madre rendeu o primeiro Oscar à Pedro Almodóvar.

Aproveitamos o tortuoso conflito de Almodóvar com o universo feminino e nos encorajamos a preparar uma receita de bacalhau passada de uma mãe para sua filha, ao estilo Todo Sobre Mi Madre, o Bacalhau Almodóvar.

Degustem o Filme Receita !!




BACALHAU ALMODÓVAR


1 kg de bacalhau dessalgado
1 kg de batata
1 cebola grande picada
3 dentes de alho picados
Azeite a gosto
Sal e pimenta a gosto
1 xícara de molho de tomate ou tomate pelado
Molho branco (leite, maisena, temperos e noz moscada)
Queijo parmesão ralado


1º passo:
Lave bem as postas de bacalhau já dessalgado
Cozinhe-as em uma panela grande
Quando a água começar a ferver marque 20 minutos
(cuidado com a espuma que se forma, para não vazar da panela)
Escorra toda a água do bacalhau cozido
Deixe esfriar

2º passo:
Descasque as batatas
Corte-as em pequenos cubos
Pré-aqueça uma panela grande para fritar as batatas
Coloque um pouco de sal no fundo da panela
E também óleo de soja
Dica : antes de fritar as batatas, seque-as no papel toalha (e depois também, para retirar o excesso de óleo!!)

3º passo:
Desfie o bacalhau cuidadosamente, para retirar todas as espinhas

4º passo:
Refogue no azeite a cebola e o alho picados
Coloque o bacalhau desfiado
Jogue o molho de tomate ou tomate pelado
Misture bem
Reserve

5º passo:
Comece a fazer o molho branco
Coloque em uma panela aproximadamente 300 ml de leite, 2 colheres de sopa de manteiga e temperos a gosto (sal, pimenta, caldo de legumes)
Mexa bem
Quando começar a ferver junte 50 ml de leite com 1 colher de sopa de maisena
Finalize com uma pitada de noz moscada

6º passo:
Em uma forma grande coloque as batatas fritas, o bacalhau refogado e o molho branco
Misture delicadamente todos os ingredientes
Coloque queijo ralado parmesão
Leve ao forno médio pré-aquecido para gratinar (aproximadamente 25 minutos)!

Está pronto! Bom Apetite!!!


Sugestão de acompanhamento: arroz com açafrão e alcaparras ou arroz branco

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Zé do Caixão, Meio Século de Horror

(imagem núcleo ponto q)


“A quem pertence a Terra? A Deus? Ao Diabo? Ou aos espíritos desencarnados? Não!! A Terra pertence a pureza e a inocência das crianças. Pena que quando crescem tornam-se imbecis. Graças ao Sistema!”

Zé do Caixão com sua fala penetrante é o mais importante personagem multimídia nascido do cinema nacional, criado brilhantemente pelo cineasta José Mojica Marins.

Além das produções cinematográficas, Zé do Caixão também foi protagonista em programas de TV, revistas em quadrinhos, livros, videoclipes e programas de rádio. 


Este ano o personagem Zé do Caixão completa 50 anos de história, vamos contar um pouco dessa trajetória e também destacar sua  turnê épica comemorativa e de despedida, que será marcada por Workshop de Cinema e Interpretação. Estivemos em sua estréia em São Paulo para conferir.

(imagem núcleo ponto q)

Um pesadelo, em 1963, onde era levado por ele mesmo até sua própria cova, foi a principal inspiração de Mojica para criar Josefel Zanatas, o Zé do Caixão.


Em 1964 o filme “À meia-noite levarei sua Alma” trouxe a primeira aparição de Zé do Caixão, um temido coveiro sádico, que tinha a obsessão de trazer ao mundo um filho com a perfeição de perpetuar seu sangue e lhe garantir a eternidade. O filme foi sucesso de bilheteria, era apenas o começo. Em 1967 veio a continuação da saga com o filme “Esta noite encarnarei em teu Cadáver”, onde Zé do Caixão, ainda na busca da imortalidade através do sangue, tortura violentamente muitas vítimas e uma delas jura que encarnará o seu corpo. A trilogia se completou com o filme “A Encarnação do Demônio” que teve seu roteiro escrito por Mojica em 1966 e foi lançado em 2008, com a trama renovada e adaptada para a paisagem urbana da Cidade de São Paulo.


O cinema autoral de Mojica trouxe na figura de Zé do Caixão elementos e temas inovadores para a cena brasileira, seu conteúdo explicitamente violento e perturbador misturado a uma estética de filmagem incrivelmente criativa para a época, gerou uma nova forma de se pensar  e de se fazer cinema no Brasil.


A censura sempre atacou ferozmente os filmes de Mojica, seu longa-metragem “O Despertar da Besta”, que também trazia o personagem Zé do Caixão, foi objurgado por mais de dez anos, só podendo ser exibido em 1983, após ter o título alterado para “O Ritual dos Sádicos”.


O carismático José Mojica nos contou que começou a se interessar por cinema muito cedo, aos quatro anos já via filmes com Boris Karloff e Bela Lugosi, aos oito dirigiu e atuou em seu primeiro filme intitulado “Reino Sangrento”.

O cineasta acredita que o cinema nacional de hoje não explora todos os níveis da criatividade que poderia, lamenta a falta de conteúdos inovadores, mesmo com todos os recursos tecnológicos atuais.
 

(imagem núcleo ponto q)

O gênio total do terror celebrando meio século de seu personagem mais marcante, afirma que não tem um sucessor, lamenta que muitos tentam imitá-lo apenas em seus trajes, mas ainda não reconheceu nada que pudesse chamar a sua atenção.


A jornada de Zé do Caixão com seu tradicional Workshop pretende passar por várias cidades, sendo também uma oportunidade única para fãs, estudantes de cinema, cineastas e admiradores.

O lançamento da turnê aconteceu no Tênis Clube Paulista em São Paulo, no bairro do Paraíso, próximo a Vila Mariana, onde nasceu o mestre do horror. Entre os dias 12 e 14 de abril foi realizado o primeiro workshop da turnê. 


(Mojica assina tatuagem de fã - imagem núcleo ponto q)

Cercado por entusiastas de seu Cinema, Mojica regeu um workshop intimista, onde abusou das técnicas de improviso. Os participantes foram convidados a exercitar a criatividade em cenas improvisadas e com tema livre.

Mesmo sem contar com uma grande produção, o cineasta performático levou sua mensagem aos que marcaram presença neste encontro. Zé do Caixão alerta : " Quem não aparece, desaparece ! "





(imagem núcleo ponto q )